7 de março de 2008

Singela homenagem à Poesia

Patrão Padrão



I




Língua de padrão
poesia de padrão
pensamento de padrão
patronus – patrão – padrão
já cansei de poema patrão
construção de texto patrão no
papel virtual da tela
de um computador que passa
pr'o papel palpável que eu pego
do patrão da norma e regra
dita o texto a linguagem o
formato de amostra intelectual que
comanda uma academia.
Não sei se dá pra pôr
no poema o acadêmico
formado de padrão no
patrão de fonte monoespaçada
quebra de linha 1,5
margem 3x3x3x3
do texto morto de academia
que pronto vai pras gavetas
e não sai da boca de ninguém o texto
que não foi engavetado na cabeça
das pessoas que não conhecem
a gaveta
do arquivo.



II




Colocar o perfeito patrão
na norma de um poema que
não é meio não é matéria
não é uma amostra grátis do
conhecimento da sociedade-humanidade
que de velha precisa
ter já uma herdeira
que não mate a mãe ela mesma
que ganhe o espaço da mãe
que permita chegar nova herdeira
de todo um mundo que não cabe
em poemas
que de tudo que existe
é amostra do pensamento.



III




Tira o perfeito da gaveta
da ilusão da cabeça
que não sabe o que é perfeito
não sabe
ser perfeita
não conhece perfeição
que não existe.
De perfeito morreu
o socialismo de utopia
o milagre Americano
o metro de Homero
o Latim de Júlio César
de perfeito morreu Deus
e do que morre sobra
espectro do que poderia
ser talvez em ilusão
mas não é nem foi perfeito.


(Biblioteca Florestan Fernandes, FFLCH, Fevereiro de 2007)

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